A doação que virou briga na Justiça
Seu Antônio trabalhou a vida toda para construir um pequeno patrimônio: uma casa e alguns investimentos. Viúvo e já idoso, ele contava com o carinho e os cuidados da sobrinha Carolina. Era ela quem o acompanhava no médico, organizava suas contas e estava sempre presente. Seus filhos, João e Marina, seguiam suas vidas em outra cidade e mal ligavam para saber como ele estava.
Com o tempo, Antônio começou a pensar: "Meus filhos nunca estão por perto. Carolina é quem realmente cuida de mim. É justo que ela fique com tudo." Sem consultar um advogado, ele foi ao cartório e assinou uma escritura de doação, transferindo 100% dos seus bens para a sobrinha.
O problema veio depois...
Quando Seu Antônio faleceu, João e Marina descobriram a doação e entraram na Justiça. A lei brasileira protege os herdeiros necessários (filhos, cônjuge e, na falta deles, os pais), garantindo que pelo menos 50% do patrimônio seja destinado a eles.
O juiz anulou metade da doação e determinou que João e Marina recebessem sua parte. Carolina, que acreditava ter herdado tudo, perdeu metade dos bens e ainda enfrentou uma batalha judicial longa e desgastante.
E se Seu Antônio tivesse doado tudo para os filhos?
Agora, imagine outro cenário. Se Seu Antônio tivesse doado 100% do seu patrimônio para João e Marina, deixando Carolina de fora, a situação poderia ser diferente?
Sim e não.
Se os filhos são os únicos herdeiros necessários, eles podem receber 100% dos bens por doação ou testamento, desde que respeitadas certas formalidades. Mas se houvesse um cônjuge vivo, por exemplo, a história mudaria. Além disso, se a doação não fosse equilibrada entre os filhos, o outro herdeiro poderia contestar, alegando adiantamento de herança e pedindo compensação.
E se ele quisesse deserdar os filhos?
Seu Antônio poderia ter tentado algo ainda mais drástico: deserdar João e Marina. Mas isso não é tão simples.
No Brasil, um pai só pode deserdar um filho em situações muito específicas, como:
Se o filho agrediu física ou moralmente o pai;
Se cometeu crimes graves contra ele, como abandono material ou injúria grave;
Se tentou impedi-lo de casar ou fazer testamento.
Não basta apenas dizer "meu filho não liga para mim". É preciso comprovar legalmente um motivo aceito pela lei.
Como evitar esse problema?
Se Seu Antônio tivesse consultado um advogado antes, poderia ter planejado melhor sua sucessão. Algumas opções que ele poderia ter adotado:
✅ Testamento – Ele poderia ter deixado até 50% do patrimônio para Carolina e garantido que a divisão fosse feita corretamente.
✅ Usufruto vitalício – Ele poderia doar parte dos bens para Carolina, mas mantendo o direito de usá-los até o fim da vida.
✅ Planejamento patrimonial – Poderia ter distribuído seus bens dentro da legalidade, evitando conflitos.
Moral da história: Você tem liberdade para dispor de parte do seu patrimônio, mas deve respeitar os direitos dos herdeiros necessários. Se não fizer isso, a Justiça pode anular sua decisão.
👉 Quer evitar disputas e garantir que sua vontade seja respeitada? Consulte um advogado especialista e faça um planejamento sucessório adequado.
⏳🌉
Texto meramente informativo.
Melissa Azevedo (OAB/SC 45.255)
Melissa Azevedo Advocacia (OAB/SC 9919)
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