A vida passa muito na velocidade da luz...Prefira ser feliz!
A minha última publicação nesse blogger foi dia 14/04/2023, próximo das 19 horas.
Era uma sexta, meu marido estava me incomodando no escritório para irmos à academia e eu ainda tinha tanto para fazer.
Minutos após a publicação, o telefone dele toca e ele diz: ''chama o samu'' e sai correndo do escritório.
Eu só peguei meus celulares e a bolsa, e fui correndo atrás dele, só desliguei a luz em virtude de uma reação involuntária e fechei a porta. Deixei computador ligado, ar ligado, difusores ligados, tudo na tomada. Só precisava correr para alcançar ele e meio sem saber o que estava acontecendo.
Ele me atualizou que ligaram da academia de jiujutsu e informaram que meu cunhado - irmão dele - estava passando mal. Meu cunhado era faixa preta, dava aula para a turma da noite, após um dia de escritório trabalhando como contador.
Chegamos lá, e infelizmente, ele estava desacordado.
20:31 a médica do Samu declarou o óbito. Ele só tinha 49 anos.
De lá para cá descobri sentimentos que não sabia que existiam.
Um medo profundo de perder as pessoas que eu amo. Um medo profundo de perder meu marido. Um medo profundo de morrer e alguém ter que fazer toda a longa e dolorosa ''burrocracia'' que é necessária. Um medo pelos meus sogros. E ali eu vi e vejo a dor de se perder um filho.
Senti um medo profundo de ter um filho e perder.
Em contrapartida ao medo, uma gratidão enorme pela vida, mesmo com todos os percalços. Uma gratidão por conseguir ser forte o bastante para apoiar todos que precisaram, mesmo quando eu estava precisando de alguém pra me apoiar.
Durante os velório lembrei muito do meu livro de cabeceira, do Clóvis de Barros Filho que fala sobre a felicidade inútil. Descobri que todo momento que eu não tenha que repetir a forma que meu cunhado morreu e que meu cunhado morreu é um momento feliz. Aqueles pequenos momentos que esqueço que meu cunhado morreu também são muito felizes, pena que eles são seguidos de momentos em que eu lembro disso.
Algumas vezes eu torço por esses momentos, para eu esquecer, por alguns minutos, a imagem dele morto no tatame quando eu cheguei. (sim, provavelmente ele já estava morto, mesmo com todo o esforço dos guerreiros que tentaram a ressuscitação, antes do samu chegar)
Anseio pelos momentos que esqueço que ele morreu e esqueço do sábado que eu passei ao lado do Caixão. Da madrugada na funerária, na Central de Óbitos, no SVO (autorizando uma necropsia), no cemitério tentando uma capela.
Com ele tirei muitas dúvidas, com ele bati muito papo, e discordávamos da opinião política um do outro, mas erámos uma família.
No próximo domingo faremos mêsversário da morte dele. E sinceramente, não vejo a hora de passar por isso, quem sabe a dor de todos amenize um pouco.
Bem, mas qual a relação disso com o meu blogger e com a minha profissão?
Dia após dia vejo pais e mães brigando por sua visão e perspectiva. Essa semana atendi uma pessoa que se descreveu como ''teimoso'' e que prefere ter razão a ser feliz.
E é um processo envolvendo o filho.
Em processos de família não existe estar certo, existe fazer o melhor para o filho. Eu falei isso para ela/e, assim como estou aqui falando para vocês.
A vida passa muito rápido, quais sãos as lembranças que você quer deixar para o seu filho? Você quer que seu filho cresça traumatizado?
Ou pior...
O número de crianças e adolescentes vítimas de automutilação e suicídio só aumenta... Espero que você nunca tenha que sofrer a dor que meu sogro e minha sogra estão passando, a dor de enterrar um filho.
Prefira ser feliz!
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